sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quinta Internação /o/ ^;^ /o/

Minha irmã ainda não havia visto crises fortes minhas, e até estão estávamos tentando prevenir ela de um trauma assim, um belo dia a tarde, estávamos eu e ela quando iniciaram crises descontroladas, ela entrou em desespero, saiu pra buscar ajuda, e essa é uma parte que eu não sei como aconteceu, mas minha mãe disse que não agüentou ficar para ver, e saiu com minha irmã, enquanto meu pai e meu namorado ficaram ao meu lado, as duas foram até a capela rezar, (minha irmã disse que levou um susto, e ficou muito assustada), meu pai disse que colocavam a cânula de guedel ( que serve para não tampar a respiração nas crises convulsivas), a médica pediu mais de 6 ampolas de diazepam, e já não fazia efeito algum, quando informou que o melhor a ser feito era voltar para a UTI, e pediu para meu pai rezar, por que ela já não sabia mais o que fazer...
Foi de novo aquela confusão, minha prima Grayce conta que minha mãe não queria sair do quarto, não queria levar minhas coisas embora para casa, não queria sair de lá sem mim, e foi muito difícil conseguir confortá-la e convencê-la que ela precisava sair, foi mais uma noite difícil, não para mim por que eu estava mais uma vez em coma, mas para meus pais, minha família  e meus amigos, os médicos entravam em desespero com a situação, e pensavam tudo ao mesmo tempo, apareceram mais neurologistas, e enfim a chegada da Neurologista Dra. Sheila, as freiras da faculdade,  a Cássia gerente de enfermagem, que acabou se envolvendo, meu professor que na época estava dando estágio ia sempre lá me ver, nessa época era para eu estar em estágio na UTI infantil daquele hospital mesmo, mas infelizmente não tinha como, e ele acompanhou tudo de perto, conversava com os médicos, avaliava o caso e também ajudava meus pais, eu teria apenas que fazer um trabalho e quando estivesse melhor voltar para o estágio, mas naquele momento era mesmo impossível, eu estava mais uma vez em uma das situações mais difíceis...
Novamente aquele desespero todo apareceu, mas agora os médicos só me entubariam quando encontrasse uma medicação, meus pais conheceram mais médicos que foram ajudando no processo eram eles.. Dr.Julio, Dra. Cimárial, Dra Valdirene ( residentes), Dra. Meire, Dra. Ana Picco, Dra. Sheila, Dr. da muchila, Dr.Furtado, e Dr. Valmir(nrurologistas), Dra.Dani, Dra.Gi, Dr. Marcio1,e Dr. Marcio2, alguns decidiram levar para a cirurgia, e outros diziam que não, quando minha irmã ficou sabendo saiu gritando que eu ia ficar carequinha ( ela é apaixonada pelo cabelo), quando a Dra. Sheila entrou para avaliar decidiu então tentar com uma medicação importada.
Em uma das reuniões com meus pais explicou que a medicação era cara, mas que no momento era minha única salvação, essa de fato não daria nenhuma alergia, porém era caríssima ( era melhor ter dito isso antes), mas tudo bem foi necessário passar por tudo isso, meu pai disse que não teria problema, ele venderia um carro, uma casa, (mas não era necessário todo esse esforço), o problema mesmo é que para importar demorava 15 dias, e não poderia esperar tudo isso sem anticonvulsivos, começava ai outra luta...
Corrida contra o tempo, atrás de alguém com essa medicação que queira vender, uma medicação cara e pouco utilizada, (como encontrar uma agulha em um palheiro), fala sério, para meus pais aquilo era um pedido fora do normal, mas a doutora se propôs a ajudar, e o convênio, e o resto do hospital também...
Enquanto isso, na UTI as visitas de sempre o mesmo carinho de sempre, e eu em coma, Graças a Deus ( por que tem situações que pedimos mesmo, quero acordar e ver tudo resolvido, como se tudo fosse apenas um pesadelo), tentaram novamente medicações que já haviam me dado alergias como o Gardenal, sei lá estavam tão desesperados, que começaram a repetir, quando meu pai entrou e me viu de novo inchada e toda vermelha, surtou ( e com razão), coitado era uma luta a cada alergia, e por um erro médico só dificultava ainda mais tudo o que eles passavam, depois de 2 dias a médica conseguiu encontrar Dra.Sheila, avisou meu pai que foi com meu namorado no mesmo dia, combinou com alguém da família de um moço que estava internado no hospital Albert Ainstein, que tinha uma caixa aberta dessa medicação, meu pai viu o número de série e trouxe todo feliz,(eu disse que ele era um Super-Herói), entregou no hospital e começaram  a dar pela sonda no mesmo dia, no outro dia todos felizes, até mesmo os médicos, e quando entraram um monte de neurologista em volta de mim, estava novamente toda vermelha, e o Dr. Julho desesperado, ninguém imaginava que isso poderia acontecer mais uma vez aquela correria, chamaram a Dra. Sheila que veio avaliar e pediu apenas para trocar o antialérgico, por que o anticonvulsivo não daria alergia,(o antialérgico estava me dando alergia), e depois da troca deu certo, no outro dia estava muito melhor, e ai foram tirando a sedação. Graças a Deus mais uma vez...
E quando voltei e percebi minha situação entrei em desespero e chorei tudo o que não chorei esse tempo todo, com um tubo que incomodava minha garganta, uma fisioterapeuta que me aspirava toda hora, e com os braços amarrado, tentava com todas minhas forças tirar e era aquela gritaria "NÃO GRAZIIII"...No meio desse sufoco todo aparece a moça que realiza um exame  (vídeo eletroencefalograma), já conhecia fiz esse exame no quarto, e ela me parecia meio mal-humorada, e chegou brigando comigo, por que em todos os meus dias com exame ela teve que ir arrumar, até mesmo em coma, e que até na folga dela ele teve que voltar ao hospital por minha causa, (fiquei muito nervosa, muito brava, e muito chateada, poxa eu estava em coma não tinha culpa alguma por aqui estar acontecendo), mas amarrada não pude fazer nada, fora uma auxiliar que disse "parece que ela esta com o capeta no corpo, ( á não, é muito pra minha cabeça kkk)...
A chefe que liberou pra eu fazer a pesquisa em campo, passou para falar com a Enfermeira, e passou também para me ver *-*
Minha família foi na visita  ai segurei o choro, quando minha irmã entrou dei um sorriso, e tentava falar mas ela não me entendia, e minha visita mais emocionante foi a da Sabrina (prima de coração), toda linda que ficou fazendo carinho, nesse momento passou na minha cabeça tudo o que vivi, imaginar que nem conseguia respirar por conta própria...Todos que passavam eu apontava para o tubo, mas ninguém me entendia, e quando entendiam falavam não é agora Grazi... e enfim me avisaram que iriam me entubar, acenei meio torta, para minha irmã sair, e a enfermeira voltou e falou que seria um pouquinho mais tarde ( estavam me zuando) haha...
Todos  iam me ver e eu chorava, com exceção da minha família, por que eu segurava tudo para depois...e haja lágrimas...quando entubaram me senti LIVRE, respirando sozinha a Dani Fisioterapeuta perguntou se eu estava bem e eu disse que sim toda feliz...que legal, senti minha vida de novo, e ai comecei a passar a mão no corpo para saber o que havia nele, estava fazendo eletro, com fios na cabeça, estava com sonda, cateter,eletrodos, tudo aquilo que uma UTI oferece, mas o primeiro passo já havia dado a entubação, e por sinal o mais difícil passo eu dei, quando vi a enfermeira acenei e perguntei se poderia tirar a sonda do nariz, ela disse que ia ver com o médico, e quando voltou para falar que não, eu já tinha tirado (rs)...e confesso que foi melhor eu tirando do que os outros, fechei o olhos e tirei bem devagar...kkk Ela disse "nãaao, por que você fez isso?" e eu " por que estava incomodando" (óbvio) kkk, ela avisou o médico e ele disse para deixar!
Estava tranqüila, e ai o médico me deu uma revista, estava sem coordenação de novo e o processo para voltar à força motora, agilidade e coordenação é bem difícil, fiquei brava por não conseguir, e foi mais umas crises... O médico se decepcionou falou que eu tava bem vendo revistas e derrepente tive crises, mas foi o basta pra eles enfim me dar alta da UTI, dessa vez a ansiedade me consumia, o que eu mais queria era sair de lá correndo, gritando SOCOOOORRO, mas não tinha como era tudo trancado,  eu não conseguiria correr... Logo que saiu a alta fiquei me arrumando toda para sair Dalí, me deram banho fizeram tranças, e eu bati no noutbook que estava passando o exame e travou tudo, tirei os eletrodos da cabeça, e foi aquela confusão, mas ai aproveitaram e tiraram também o exame, 5 dias com aquilo na cabeça...
Chegou à alta primeiro de uma moça, e depois veio a minha; D
Quando sai na porta estava meu namorado, me despedi de novo das enfermeiras, e Graças a Deus estava de novo a caminho da felicidade, ele me levou de cadeira de rodas, me sentou na cama e disse que a gente estava fazendo 1 ano e 11 meses naquele dia, que era tão especial, fiquei emocionada ao ver tamanho carinho comigo mais uma vez, e por ele ter agüentado tantas coisas ao meu lado, e ao lado da minha família ( escrevo chorando sobre ele), por que eu sei que por muitas vezes eu briguei sem motivo, fiz coisas que ele não gostava e ele simplesmente me amava.
 Com mta tranqüilidade é como se estivesse em casa, e corri pra janela, de lá via a turma entrando na faculdade, não contive as lágrimas, era para eu estar lá também e apesar de ficar triste, dava alguns minutos me alegrava e agradecia a Deus por ter minha família de novo comigo, o amor o carinho é o principal tratamento em qualquer tipo de doença, ter por perto quem você ama é como uma medicação, que te levanta de qualquer situação.
O restante dos dias foi mais tranqüilo, afinal agora já tinha a medicação certa, e sem alergias, porém a luta continuava as crises continuavam e cada vez mais intensa, espasmos, ausências, generalizadas, parciais, todos os tipos continuavam aparecendo, meu nível de stress estava ultrapassando os limites, tanto tempo naquela tensão toda não era pra menos, os médicos resolveram me dar alta, mas minha mãe pediu para ficar pelo menos mais um dia, e então ficamos, a cada crise, aquela correria, pega o oxigênio e toda aquela confusão, até que começamos a nos "acostumar" e então controlávamos sozinhos no quarto quietinhos, voltava e permanecia bem até a próxima crise... Até o grande dia da alta...
Despedir-nos de quem lutou arduamente conosco era uma missão difícil, para mim e para minha família, ganhei presentes, cartas, livros, caneta, revista, carteira, bichinhos, tanto de pacientes quanto dos profissionais que ali estavam, mas o carinho não tinha preço, as noites rindo em meio um turbilhão de problemas, passeios pelo corredor com direito a abraços em todos os auxiliares, a felicidade que eles tinham quando eu voltava para o quarto, despedir do suporte de soro, que até então era meu Reynaldo Gianecchini com direito a caricatura e tudo, como dizia a Sônia ( tem que pegar ele pela bundinha), kkk
Despedida sempre foi meu ponto fraco, mas não chorei segurei firme, passei o dia todo me despedindo, tirando fotos, e me divertindo, e no meio dos procedimentos sempre tinha alguém entrando pra falar "tchau", depois de meses juntos eu era praticamente de casa como dia o Fábio ( quando chego corro no seu quarto), todos sabiam que me encontrariam ali no 5° andar, no quarto 6 ou 19 ou 21 ou 10 ou 9 ou 7, ou no leito da UTI no 5 ou no 10, eu estava por ali, e enfim estava indo para casa, e até a faxineira se entristeceu para dizer adeus e acabou falando ( á que pena), minha professora que estava no quarto arregalou os olhos e disse ( que pena não ela está indo para casa) e demos risadas, a gente sabia que era sem querer kkk, o tio que limpa a TV passou pra limpar pela ultima vez, e tbm teve a mesma reação, passei na UTI para chamar a enfermeira Priscila para tirar uma foto, mas ela não estava, mas lá encontrei uma turma querendo tirar fotos comigo kkk, e arrastei para meu quarto para a sessão de fotos, com as enfermeiras, auxiliares, médicas, farmacêuticas, fisioterapeutas...
Na hora de ir embora agarrei meus travesseiros e sai sem olhar para traz, chegamos muito felizes, radiantes, minha vó estava preparando a comida, e para subir as escadas foi um esforço, me sentia uma velha, era tudo muito difícil sem coordenação e força muscular, mas estar em casa era mágico, encontrar minhas roupas no guarda-roupa, pegar meu prato favorito, um copo de vidro, meu banheiro, minhas coisas, minhas maquiagens, minhas bolsas lindas, meus sapatos favoritos, as blusinhas, as calças agora "largas", tudo é mágico.
Graças a Deus mais uma vez...
Os momentos que não damos valor são os principais para nossa felicidade...
Sentir o sabor da comida, sentir a água do banho cair em nosso corpo, RESPIRAR um ar puro, sentir um abraço, ver sua família todos os dias, ver a rua, e os carros passando, é a mais perfeita sensação de liberdade, de poder, e de felicidade...
Quando internamos nunca pensamos que ficaremos ali por muito tempo, sempre imaginava amanhã a médica vai me dar alta, e quando não acontecia a gente se empolgava por que poderia ser amanhã... Ver o xampu acabar ( e você continuar), se enjoar do tempero da comida, não sentir dor nas picadinhas diárias (até por que as tias já sabiam, só com a borboletinha e tinha que rezar antes), ver acontecer com você coisas que sempre teve medo, um pesadelo, e na visão de enfermeira fica ainda mais complicado.
Mas tudo isso havia acabado e agora era vida NOVA, em casa FELIZ, e já ansiosa para voltar para a faculdade...

S2

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